Frei Rufin (primeira página)

A um ministro

 1 A Frei N, ministro.
O Senhor te abençoe!
2 O melhor que te posso dizer com relação às dificuldades de tua alma é isto: Considera como uma graça tudo quanto dificultar o teu amor a Deus nosso Senhor, bem como as pessoas que te causam aborrecimentos, sejam irmãos ou gente de fora, mesmo que cheguem a te fazer violência. Esta seja a tua vontade e nada mais.
3 E esta seja a tua orientação na verdadeira obediência para com Deus nosso Senhor e para comigo, porque sei com toda certeza que é esta a verdadeira obediência.
4 Ama aos que assim contra ti procedem, não exigindo deles outra coisa senão o que o Senhor te der. E justamente nisso deves amá-los, nem mesmo desejando que eles se tornem cristãos melhores. E isto te valha mais do que a vida em eremitério.
5 E nisto reconhecerei que amas realmente o Senhor e a mim, servo dele e teu, se fizeres o seguinte: não haja irmão no mundo, mesmo que tenha pecado a não poder mais, que, após ver os teus olhos, se sinta talvez obrigado a sair de tua presença sem obter misericórdia se misericórdia buscou.
6 E se não buscar misericórdia, pergunta-lhe se não na quer receber.
7 E se depois disto ele se apresentar ainda mil vezes diante de teus olhos, ama-o mais do que a mim, procurando conquistá-lo para o Senhor. E tem sempre piedade de tais irmãos.
8 E logo que puderes, leva ao conhecimento dos guardiães que decidiste firmemente agir assim.
9 Para todos os capítulos da Regra que tratam de pecados mortais, faremos, com a ajuda de Deus, no capítulo de Pentecostes, um único capítulo assim redigido:
Se algum irmão, por instigação do inimigo, pecar mortalmente, seja obrigado, sob obediência, a recorrer ao seu guardião.
10 E todos os irmãos que souberem do pecado dele não o envergonhem nem descomponham. Tenham antes grande misericórdia com ele e mantenham oculto o pecado do seu irmão, porquanto “os sãos não têm necessidade do médico, senão os enfermos” (Mt 9,12).
11 Sejam igualmente obrigados, sob obediência, a enviá-lo acompanhado ao seu custódio.
12 0 custódio, por sua vez, o atenda com misericórdia, como desejaria ser tratado se estivesse em idêntica situação.
13 E quem tiver cometido pecado venial se confesse a um irmão que for sacerdote;
14 e se não houver sacerdote no lugar se confesse a outro irmão até que haja um sacerdote para absolvê-lo canonicamente, como já ficou dito.
15 Os aludidos irmãos não tenham outra faculdade de impor-lhe penitência senão esta: “Vai e não peques mais!” (Jo 8,11).
16 Para que este escrito seja levado mais seriamente em consideração, guarda-o contigo até Pentecostes. Então estarás ali com teus irmãos.
17 E com a ajuda de Deus contribuirás para completar na Regra isto e todo o mais que nela ainda está menos explícito.

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Realizado por www.pbdi.fr Ilustrado por Laurent Bidot Tradução : Nathalie Tomaz