Frei Rufin (primeira página)

A toda a Ordem

 1 Em nome da altíssima Trindade e santa Unidade, do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
2 A todos os reverendos e amados Irmãos, a Frei A., ministro geral da Ordem dos Frades Menores, e aos outros ministros gerais que virão depois dele e a todos em Cristo humildes ministros, custódios e sacerdotes desta fraternidade e a todos os Irmãos simples e obedientes, aos primeiros e aos últimos,
3 Frei Francisco, homem insignificante e fraco, vosso pequenino servo,
4 saúda naquele que nos remiu e nos lavou em seu preciosíssimo sangue (Ap 1,5) - quando ouvirdes o seu nome, adorai-o com temor e respeito profundamente prostrados por terra - o Senhor Jesus Cristo, cujo nome é "Filho do Altíssimo", bendito por toda a eternidade. Amém.
5 Ouvi, Senhores filhos e Irmãos meus, e escutai com vossos ouvidos minhas palavras (At 2,14).
6 Inclinai o ouvido ( Is 55,3 ) de vosso coração e obedecei à voz do Filho de Deus.
7 Observai os seus mandamentos com todo o vosso coração e segui os seus conselhos de toda vossa alma.
8 "Louvai-o, porque é bom" (Sl 135,1), e "exaltai-o pelas vossas obras" (Tb 13,4).
9 Pois para isto Ele vos mandou pelo mundo universo, para dardes testemunho de sua voz, por vossas palavras e vossas obras, e fazerdes saber a todos que ninguém é Todo-Poderoso senão Ele (Tb 13,4).
10 Perseverai na disciplina e santa obediência (Hb 12,7) e cumpri o que lhe prometestes com generoso e firme propósito.
11 "Deus nosso Senhor convosco se porta como para com seus filhos" (Hb 12,7).
12 Rogo-vos pois, a vós todos, meus Irmãos, beijando-vos os pés, e com toda a caridade de que sou capaz, que manifesteis toda reverência e toda honra que ao santíssimo sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo,
13 no qual foram pacificadas todas as coisas, assim as da terra como as do céu, e reconciliadas com o Deus onipotente (Cl 1,20).
14 Peço ainda no Senhor a todos os meus Irmãos sacerdotes, os que São, vierem a ser ou desejarem ser sacerdotes do Altíssimo, que, ao celebrar a missa, ofereçam o verdadeiro sacrifico do santíssimo corpo e sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, pessoalmente puros, com disposição sincera, com reverência e com santa e pura intenção, jamais levados por qualquer interesse terreno nem por temor ou consideração de qualquer pessoa "como quem procura agradar aos homens" (Cl 3,22).
15 Seja antes todo vosso querer, na medida que vos ajudar a graça do Onipotente, ordenado para Deus, desejando assim agradar unicamente a Ele, o supremo Senhor, porque só Ele opera ali como for do seu agrado.
16 Pois - como Ele mesmo diz: "Fazei isto em memória de mim" (Lc 22,19) - quem proceder de outra maneira torna-se outro Judas traidor e faz-se réu do corpo e sangue do Senhor (lCor 11,27).
17 Lembrai-vos, Irmãos meus sacerdotes, que está escrito na lei de Moisés que quem a transgredia, nem que fosse só em coisas exteriores, morria sem dó por
18 "Quanto maior e mais terrível castigo merece padecer aquele que pisa aos pés o Filho de Deus e tem em conta de profano o sangue do testamento pelo qual foi santificado, e insulta a graça do Espírito" (Hb 10,28-29 )!
19 Pois quando o homem, segundo diz o Apóstolo, não discernindo nem distinguindo de outros alimentos e obras o santo pão de Cristo, o come indignamente ou, sendo digno, o come sem o reto espírito e em atitude inconveniente, profana e calca aos pés o Cordeiro de Deus. Porquanto diz o Senhor pelo Profeta: "Maldito aquele que faz com negligência a obra do Senhor" (Jr 48,10).
20 E condena na verdade os sacerdotes que não quiserem tomar isto a peito, dizendo: "Amaldiçoarei as vossas bênçãos!" (Ml 2,2).
21 Escutai, Irmãos meus: se honramos tanto a bem-aventurada Virgem Maria, como convém, por haver trazido em seu santíssimo seio o Filho de Deus; se o bem-aventurado [João] Batista estremeceu e não ousou tocar a cabeça sagrada de seu Deus; se se presta culto ao sepulcro onde ele repousou por algum tempo,
22 que santidade, que justiça, que dignidade não deve ter aquele que toca com as mãos, recebe na boca e no coração e distribui aos outros o Senhor, que já não vem para morrer, como outrora, mas há de viver na glória por toda a eternidade, e "a quem os anjos desejam contemplar" (lPd 1,12)!
23 Considerai a vossa dignidade, Irmãos sacerdotes, e "sede santos porque Ele é santo" (Lv 11,44)!
24 E assim como o Senhor Deus vos honrou acima de todos, por causa desse mistério, assim vós, mais que todos, amai-o, reverenciai-o, honrai-o!
25 É uma grande desgraça e uma lamentável fraqueza se vós, tendo-o assim presente, ainda vos preocupais com qualquer outra coisa no mundo inteiro.
26 Pasme o homem todo, estremeça a terra inteira, rejubile o céu em altas vozes quando, sobre o altar, estiver nas mãos do sacerdote o Cristo, Filho de Deus vivo!
27 O grandeza maravilhosa, ó admirável condescendência! O humildade sublime, ó humilde sublimidade! O Senhor do universo, Deus e Filho de Deus, se humilha a ponto de se esconder, para nosso bem, na modesta aparência do pão.
28 Vede, Irmãos, que humildade a de Deus! Derramai ante Ele os vossos corações (Sl 61,9)! Humilhai-vos para que Ele vos exalte (lPd 5,6)!
29 Portanto, nada de vós retenhais para vós mesmos, para que totalmente vos receba quem totalmente se vos dá!
30 Advirto ainda os meus Irmãos e exorto-os no Senhor que, nos lugares onde moram, seja celebrada uma só missa por dia, segundo a forma da santa Igreja.
31 E se houver vários sacerdotes no lugar, contente-se um sacerdote, por amor à caridade, com ouvir a missa do outro.
32 Porquanto o Senhor Jesus Cristo satisfaz os presentes e ausentes, quando dignos.
33 Embora a gente o veja presente em diversos lugares, Ele permanece todavia indivisível, sem sofrer alteração alguma, e opera em toda parte conforme lhe apraz, como Uno com o Senhor Deus Pai e o Santo Espírito Paráclito, por toda a eternidade. Amém.
34 E porque "aquele que é de Deus ouve as palavras de Deus" (Jo 8,37), devemos por isto, nos que mais especialmente estamos incumbidos do culto divino, não somente escutar e executar o que Deus comunica, mas ainda cuidar bem dos vasos sagrados e dos demais objetos usados no culto divino e que contém suas santas palavras. Com isto nos compenetramos mais de como é grande nosso Criador e de quanto dependemos d'Ele.
35 Advirto por isso a todos os meus Irmãos e os confirmo em Cristo, a que, onde quer que encontrem palavras de Deus escritas, tratem-nas com todo o respeito possível e,
36 quanto depender deles, se elas não estiverem bem guardadas ou jazerem dispersas em lugares inconvenientes, recolham-nas e as reponham em lugar decente, honrando o Senhor nas suas palavras que pronunciou.
37 Pois muitas coisas são santificadas pelas palavras de Deus (lTm 4,5), e é em virtude das palavras de Cristo que é confeccionado o Sacramento do Altar.
38 Confesso, enfim todos os meus pecados a Deus Pai e Filho e Espírito Santo, à bem-aventurada Virgem Maria, a todos os santos do céu e da terra, a Frei H [Elias], ministro geral de nossa Ordem, e a todos os outros meus Irmãos benditos.
39 Tenho pecado em muitos pontos por grave culpa minha, especialmente porque não tenho observado a Regra que prometi ao Senhor observar, nem rezado o ofício conforme o prescreve a Regra, seja por negligência, seja por causa de minha enfermidade ou porque sou um homem ignorante e pouco ilustrado.
40 Rogo, pois, insistentemente ao ministro geral Frei H [Elias], meu senhor, que faça observar a Regra por todos inviolavelmente,
41 e que os clérigos digam o ofício divino com devoção diante de Deus, atendendo não tanto à harmonia da voz mas antes à sua concordância com o espírito, de modo que a voz se una ao espírito, e o espírito se harmonize com Deus.
42 Assim eles podem agradar a Deus pela pureza do coração e não lisonjear os ouvidos do povo pela delícia da voz.
43 Quanto a mim prometo observar rigorosamente estes pontos, à medida que o Senhor me der sua graça, e quero que os Irmãos que estão comigo o observem no ofício divino e nos demais exercícios regulares.
44 Mas aqueles Irmãos que o não quiserem observar, não os considerarei nem como católicos nem como Irmãos: nem quero vê-los nem falar-lhes, enquanto não mudarem de atitude.
45 Digo o mesmo de todos aqueles que andam vagueando pelo mundo sem se importar com a disciplina da Regra;
46 pois Nosso Senhor Jesus Cristo entregou sua vida a fim de não faltar à obediência devida ao seu santíssimo Pai.
47 Eu, Frei Francisco, homem inútil e indigna criatura de Deus nosso Senhor, digo no Senhor Jesus Cristo a Frei H [Elias], ministro de toda a nossa Ordem, e a todos os ministros gerais que vierem após ele, e aos demais custódios e guardiães dos Irmãos, que agora o São e o serão no futuro, que guardem consigo este escrito, ponham-no em prática e o conservem cuidadosamente.
48 E peço-lhes preservar solicitamente o que nele está escrito, fazendo observá-lo mais zelosamente ainda, com o beneplácito de Deus onipotente, agora e sempre, até o fim do mundo.
49 Abençoados sejais pelo Senhor vós que isto fizerdes, e o Senhor esteja convosco eternamente.
50 Oração: Eterno Deus onipotente, justo e misericordioso, concedei-nos a nós míseros praticar por vossa causa o que reconhecermos ser a vossa vontade e querer sempre o que vos agrade,
51 a fim de que, interiormente purificados, iluminados e abrasados pelo fogo do Espírito Santo, possamos seguir as pegadas de vosso Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo,
52 e por vossa graça unicamente chegar até vós, ó Altíssimo, que em Trindade perfeita e unidade simples viveis e reinais na glória como Deus onipotente por toda a eternidade.

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Realizado por www.pbdi.fr Ilustrado por Laurent Bidot Tradução : Nathalie Tomaz